quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Site da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo vai chegar mais cedo

Apesar de termos dito que o novo site ia estar pronto em 2 semanas, de acordo com os presentes esforços, deverá estar pronto em 6/7 dias.

Já falta pouco...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Blogue da Santa Casa da Misericórdia tem um novo Visual

Tal como dito, o nosso blogue tem um novo visual, simples e refrescante. As cores azul e branco predominam porque o novo site da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo também vai ter um visual com as mesmas cores.

Esperamos que goste.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Santa Casa da Miserdicória vai ter um novo Site, Domínio e Visual

Já estamos no processo de criação do visual para o novo site, bem como um nome para o novo domínio, dentro de duas semanas vamos partilhar convosco o endereço do novo site para que possam visitá-lo.

O novo site terá um novo visual, mas não só, também vamos criar páginas no Facebook e no Twitter para que todos os interessados possam entrar em contacto connosco não só por e-mail mas também por meio desses serviços populares.

Também vamos criar e aplicar um novo design para o presente blogue de forma a coincidir com o visual do novo site.

Aguardamos os vossos comentários.

domingo, 13 de junho de 2010

Selos Personalizados da SCMVC

Selos Personalizados da Santa Casa
da Misericórdia de Viana do Castelo
Criados pelo Estagiário da Licenciatura em
Educação Social Gerontológica da ESE-IPVC

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Lar de S. Tiago - Postal Ilustrado

Postal Ilustrado do Lar de S. Tiago
elaborado pelo Estagiário da Licenciatura
em Educação Social Gerontológica
da Escola Superior de Educação - IPVC

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Histórias da Minha Vida_Lar de S. Tiago

“HISTÓRIAS DA MINHA VIDA”

Neste espaço são apresentadas histórias de vida de alguns idosos do Lar de S. Tiago da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo.
As histórias ajudam-nos a compreender o envelhecimento, permitem-nos conhecer a pessoa, a sua trajectória de vida e contribuem significativamente para o enriquecimento da nossa cultura.


Maria de Lurdes Pereira Pacheco
80 anos
Março 2010

Vencedora do concurso lançado pela Rádio Alto-Minho para a melhor poesia do Dia Internacional da Mulher, há cerca de 10 anos. O prémio atribuído consistiu numa estadia de 8 dias no Algarve.

“PENSAMENTOS MEUS”

Dedicado às mulheres de todo o Mundo

Fui mulher sem ser menina,
Bem cedo eu trabalhei
Porque pai eu já não tinha…
Éramos quatro irmãos.

Quanta dor, quanta amargura…
Até fome se passou!
Mas não faltou o amor,
O carinho e a ternura.

Meu pai morreu, bem cedo,
Com trinta anos partiu.
Mas foi Deus que o levou
Não foi ele que fugiu.

Trabalhou honradamente,
Minha mãe, coitadinha!
Quando ela nos deixou
Como ela foi cansadinha.

Paz e igualdade para as
Mulheres de todo o mundo!


Coisas da minha vida

Andei, andei, fui andando
Grande estrada percorri.
Eu vi a vida a nascer
E uma criança a sorrir.

Também vi chegar a morte,
Um verdadeiro fantasma!
Pensando me falta a respiração,
Parece que tenho asma.

Não queria falar assim
Mas é assim este meu jeito.
Já trago o mundo às costas
E a tristeza no peito!


Jorge Alves Viana
80 Anos, Embarcadiço
Março 2010

Trabalhei desde muito novo nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, de 1947 até 1961. Esta empresa tinha sido criada recentemente, e nos primeiros anos recrutou trabalhadores das mais variadas artes e ofícios, desde sapateiros, criados de servir, barbeiros, etc. Toda a mão-de-obra era necessária. Aqui, em Viana, nunca se tinham feito navios, pelo que não existia mão-de-obra qualificada no ramo. Por isso, os acidentes de trabalho eram frequentes e muitos dos curativos eram feitos na Cruz Vermelha.
Um dia estava a trabalhar e caiu-me uma peça de ferramenta à doca seca. Quando me preparava para a apanhar, tombou um operário da secção de carpintaria mesmo ao meu lado. O infeliz tinha escorregado no tombadilho e não me atingiu por um triz! Estatelou-se no pavimento de tal maneira que nunca mais se levantou. Teve morte imediata. Eu apanhei um susto valente.
Eu pertencia ao serviço da montagem “caldeireiro” e trabalhei nos primeiros navios dos ENVC, que foram os arrastões para a pesca do bacalhau, entre os quais o “Senhor dos Mareantes”, a “Senhora das Candeias” e o “São Gonçalinho”. Nessa altura o trabalho nos estaleiros era muito duro, passavam-se longas horas no interior do navio, sujeito a um barulho metálico muito intenso. Naquele tempo não havia as máquinas de hoje. À conta disso tenho dificuldades de audição.
Em 1961, despedi-me dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e embarquei na Marinha Mercante Portuguesa, tendo, obrigatoriamente, feito exames práticos no Farol de Leça e teóricos na Capitania do Douro. Meteu-se-me na cabeça a ideia de ir para o mar. Nessa altura era já casado e pai de filhos. Em boa hora o fiz, porque gostei muito de andar nos navios e ainda hoje tenho saudades do mar. Sempre que era necessário subir aos mastros lá se ouvia “chamem o Viana”, porque eu também fui bombeiro e não tinha medo das alturas.
Na Marinha Mercante andei em 18 navios, provavelmente dei a volta ao mundo sem o saber! Quando o navio chegava aos portos era uma satisfação, depois de várias semanas passadas no alto mar e junto das máquinas. Nestas viagens conheci muita gente, novas terras e diferentes culturas. Se não tivesse embarcado, nunca teria a oportunidade de conhecer países desde a América, Europa e África. Posso dizer que já estive junto da Estátua da Liberdade em Nova Iorque.
Nas viagens à Bélgica ia preparado para vender uns frasquinhos de brandy, que comprava em Lisboa na “Brasileira” por 7$50 e vendia-os na Bélgica por 2 dólares (60$00). Fazia um rico negócio, só não vendia mais porque não tinha dinheiro para comprar mais mercadoria. Mas a boca estraga tudo. Caí na tentação de falar no negócio aos meus colegas de viagem, e eles também entraram nesse “tráfico”. A concorrência aumentou rapidamente, começaram a vender o produto mais barato e o negócio estragou-se para todos.
Em boa hora saí dos Estaleiros Navais. De início custou-me um pouco, tive alguns enjoos no alto mar, mas fui-me habituando. O meu primeiro embarque foi no navio de pesca o “Cartaxo”, que por coincidência também tinha trabalhado nele nos Estaleiros Navais.
O mar foi muito meu amigo, só ando bem junto ao mar. Sempre que o tempo o permite, de manhã, vou passear até ao Castelo Velho, junto à Praia Norte. Sinto uma sensação de liberdade nestes passeios matinais junto ao mar.
Gostei de andar nos navios e tenho saudades do mar, sei que matou muita gente, mas a mim só me fez bem!


Manuel Montes
80 Anos, Motorista
Março 2010


Eu tinha uma grande paixão por touradas.
O meu avô materno, Manuel Montes, tinha uma frota de aluguer de carroças de cavalos estabelecida junto ao Largo das Almas, na cidade de Viana do Castelo. Fazia pequenas viagens turísticas pela cidade e o transporte de pessoas e mercadorias pelas freguesias vizinhas. Nesta altura, já se viam muitos veículos automóveis a cruzarem-se com as carroças de cavalos. Eu, desde muito novo, habituei-me a ver e a acompanhar o meu avô nestas andanças. Nestas minhas vivências de miúdo tive o privilégio de montar a cavalo, e talvez por isso, tenha surgido a minha paixão pelas touradas e garraiadas.
Em Viana do Castelo, principalmente por altura das festas da Senhora da Agonia, fizeram-se grandes espectáculos de touradas e garraiadas. Os melhores cavaleiros e toureiros do país vinham à nossa praça de touros. Era um espectáculo! As touradas tornavam a cidade mais animada. Faziam um belo cartaz da romaria.
Eu ajudava imenso a equipa responsável pela organização das touradas, porque gostava daquele trabalho. Lidar com os touros era a minha alegria. No entanto, deram-me muitos coices e várias vezes fui obrigado a saltar muros para não ficar ferido. Consegui sempre escapar a mazelas mais graves. Mas também assisti a muitas situações perigosas em que o touro perseguia os toureiros, tendo, infelizmente, nestes casos havido ferimentos graves. Mas os forcados eram os mais sacrificados, enfrentavam directamente o touro.
Lembro-me que uma vez um touro mais bravo fugiu do nosso controle, tendo provocado o pânico entre a população no centro da cidade. Foi com muito custo que conseguimos convencer o animal a voltar para a praça. Neste incidente, não houve estragos, tratou-se somente de um grande susto.
Ainda assisti aos espectáculos de tourada na primeira praça de touros, construída em madeira, no Campo da Agonia. Dali foi deslocada para o lugar da Argaçosa e actualmente encontra-se desactivada. Acabaram-se os espectáculos de tourada na cidade. Com muita pena minha!
Fui durante muitos anos motorista de uma empresa de comércio de automóveis, que tinha várias filiais espalhadas pelo país. Esta profissão permitiu-me conhecer o país de lés-a-lés. Antigamente os carros iam buscar-se ao terminal de Lisboa e eu fazia o seu transporte. Passei muitos anos a conduzir, até à idade da reforma.


Júlia Durães
80 Anos, Professora do Ensino Primário
Abril 2010


Comecei a leccionar com 18 anos. A minha vocação para o ensino foi-me transmitida pelos meus progenitores, também eles professores do ensino primário. Na minha casa sempre houve hábitos de estudo.
Leccionei nas escolas das freguesias de S. Romão de Neiva, Darque, Alvarães, Cerdal (Valença) e Colégio do Minho. Iniciei funções na escola primária de Santana, freguesia de S. Romão de Neiva. Era um edifício de rés-do-chão, com duas salas separadas por sexos, rapazes e raparigas, e um alpendre com duas casas de banho, que obedecia à arquitectura do “Plano Centenário” definido pelo Ministério das Obras Públicas do tempo do Estado Novo. A freguesia era pobre e muitas crianças passavam fome. A escola não tinha cantina, as crianças eram obrigadas a almoçar em casa, mas muitas não tinham a sorte de encontrar uma refeição decente na mesa. Voltavam à escola de estômago vazio. Quanto leccionei em Alvarães, comprei muito pão para oferecer às crianças mais necessitadas. Normalmente, fazia as viagens para a escola de autocarro, mas também fiz, muitas vezes, o percurso a pé desde a cidade de Viana do Castelo, onde vivia. Nunca tive qualquer problema no relacionamento com os alunos, nem qualquer tipo de desavença com os pais e colegas de trabalho, o que me faz sentir muito feliz. Naquele tempo, os inspectores escolares visitavam as escolas com muita frequência, para se inteirarem se o programa e o horário estavam a ser cumpridos e respeitados. Eram muito rigorosos, mas nunca tive problemas durante todos os meus anos de docência. Nunca foi chamada à atenção.
Gostava muito de motivar os alunos a participarem nas festas de Natal e da Páscoa, para as quais se preparava com antecedência uma peça de teatro e récitas de poemas que eram por eles interpretados. Era uma forma divertida e ao mesmo tempo didáctica que envolvia de bom agrado os alunos nestas actividades de finais de período.
Nos primeiros anos da minha docência auferia um modesto vencimento mensal de 1000$00 (5,00 €). Pelo que realço que não seria pelo ordenado que mantinha a minha paixão pelo ensino.
As aulas eram ministradas através do livro único que reunia as diversas áreas da aprendizagem (língua portuguesa, história, aritmética, geometria e geografia e ciências). A adopção do livro único era feita por vários anos e, este, passava de irmãos para irmãos. Não se gastava tanto dinheiro em livros como hoje. A política da adopção do livro único manteve-se por vários anos. Para escreverem os alunos usavam, a maior parte das vezes, o pequeno quadro de ardósia (lousa), em substituição do caderno diário. Escrevia-se no quadro com um pequeno ponteiro, também ele em ardósia, e apagava-se a escrita com um pano humedecido em água.
Naquele tempo a escola servia os ideais do Estado Novo e da Igreja.
Iniciava-se o dia com os alunos junto às suas carteiras, aprumados, braços estendidos ao longo do corpo e calcanhares unidos, recitando a primeira ladainha:
Jesus, Divino Mestre,
Iluminai a minha inteligência,
Dirigi a minha vontade,
Purificai o meu coração,
Para que eu seja sempre cristão,
Fiel a Deus e cidadão útil à Pátria.
Depois seguia-se um Pai Nosso e uma Avé Maria.
Para finalizar este primeiro momento, contava-se uma história com fundo moral e, por último, cantava-se o Hino Nacional.
Todo este cerimonial demorava cerca de meia hora e só depois se dava início, efectivamente, à aula. Na sala de aula, sobre o quadro de giz, estava pendurado um crucifixo, e ao lado dois quadros com as fotografias do Dr. Oliveira Salazar, Chefe do Governo, e do Marechal Óscar Carmona, Presidente da República.
Terminava-se a aula com a seguinte saudação final:
Graças Vos damos Senhor,
Por todos os benefícios que nos tendes concedido,
Abençoai, Senhor, a Vossa Igreja,
A nossa Pátria, os nossos governantes,
As nossas famílias,
E todas as escolas de Portugal.
Rezava-se, novamente, um Pai Nosso e uma Avé Maria.

O ensino era a minha paixão, trabalhava por amor!


Aurora Araújo
88 Anos, Doméstica
Maio 2010

Passados 8 dias de ter entrado na escola primária e conhecido as minhas colegas, os meus pais tiraram-me da escola para ir servir para uma casa na cidade de Viana do Castelo. Fui criada de servir durante toda a minha vida, desde os 8 anos de idade. Os meus pais tinham mais 7 filhos e não possuíam condições financeiras para nos criar a todos, pelo que muito cedo começamos a despertar para o mundo do trabalho. Foi uma vida muito dura. Como não tive a oportunidade de frequentar a escola, não cheguei a aprender a ler e a escrever, o que me fez muita falta durante a vida. Nos primeiros anos servi em várias casas de família, trabalhava para quem me pagava melhor. Mais tarde estabilizei a minha vida, ficando a servir numa casa durante 60 anos. Dali saí para o Lar.
Não tive a oportunidade de escolher outra profissão e fui-me adaptando aos serviços domésticos que me eram atribuídos. Aprendi a cozinhar e uma das sobremesas que gostava de fazer era o bolo de chocolate. A receita era muito simples e do agrado de toda a família. O chocolate em pó usado na sua confecção era comprado na antiga fábrica de chocolate “Avianense”, e os ovos comprados no antigo Mercado Municipal. Numa caçarola misturava-se a farinha Maizena, o fermento, o açúcar e as gemas dos ovos, mexendo tudo muito bem. À parte batiam-se as claras até ficarem em castelo. Misturava-se tudo e mexia-se novamente. A seguir, derretia-se o chocolate em pó juntamente com a manteiga em lume brando, até ficar líquido. Numa forma previamente untada com manteiga deitava-se a massa e o preparado do chocolate ao mesmo tempo, para ficar tudo misturado em forma de mosaico. Deste modo, ficava menos enjoativo. As doses dos ingredientes eram “a olho”, mas saía sempre bem!
Dava-me imenso prazer cozinhar este bolo de receita simples mas muito delicioso.